domingo, 28 de dezembro de 2008

Castigo de Natal (Mesas + Serra da Boneca)

Feitas que estavam as asneiras do Natal, não mais restava senão castigar os gulosos com uma volta dura e sofrida, para aprenderem que os excessos de rabanadas, bolo-rei, pudim e molotov não passavam impunes!
Com o Nelson fora da corrida, alegadamente por causa de uma gripe suspeita (desculpas! desculpas!) restavam o Miguel, o João, o Nuno e moi même…

Estava destinada para hoje uma volta de categoria 5, ou seja, daquelas que garantem uma boa noite de sono e um par de pernas doridas durante umas boas horas.

À já exigente volta das Mesas (conhecida pelo parque de merendas que fica numa das extremidades), juntou-se mais uma subida que rivaliza com o já famoso Meco, e que nos levou novamente próximo dos 400 metros.

A ida até às Mesas é já quase trivial. Seguimos pela zona industrial de campo e sempre por atalho até Recarei. Daí, depois de uma subida em entrada, derivamos para o monte e para a longa subida para as Mesas. A subida até ao parque de merendas é longa e potencialmente penosa, especialmente nas 2 ou 3 rampas que nos brindam, aqui e ali, com um esforço adicional.
É um bom troço para os trepadores rolantes e com cadência certa, pelo que o Miguel e João, mantendo o ritmo certo, lá chegaram em adianto lá acima.

Eu parei no início da subida para ajustar o selim, que isto de inventar nas regulações antes de uma volta não é coisa que se faça! Consegui manter um ritmo relativamente certo e acabei por apanhar o Nuno a meio da subida. As mesas continuam a ser o calcanhar de Aquiles dele… No entanto ia-se vingar mais à frente!

A tradicional volta das mesas compreende a descida fatídica para Santa Comba, que, em menos de 8 meses já reclamou um braço partido ao Nelson e um braço deslocado ao João. Não é coisa com que se brinque…

Mas desta feita, ao invés de descer e vir logo embora, viramos um pouco a norte e descemos para o ribeiro, que nesta altura do ano se apresenta com uma simpática temperatura, o que garante uns pés congelados para o resto da volta, dada a impossibilidade de o atravessar sem molhar os pés, para depois subir à crista da Serra da Boneca.

Pés, que nem a pesada subida que se segue conseguiu aquecer. Aqui e ali com umas tiradas em força, fui subindo, mas pisei mais chão do que de outras vezes que por lá andei. Junte-se isso ao facto de ainda me estar a habituar à geometria menos racing da canyon e temos uma subida lenta e arrastada. Há que penar para evoluir…

E só para os que pensam que o serviço estava feito, no final, um par de rampas destroem qualquer ilusão de facilidade e a serra vende cara a conquista do topo.

Mas, a vingança serve-se fria, como os pés! A recompensa arrancada à serra é a brutal e arrebatadora “descida infinita”. São quase 4 quilómetros a descer a um ritmo frenético, pelo meio de um mar de pedra solta, regos pouco profundos e cotovelos que pedem abordagens profissionais, com pés fora dos pedais e rodas traseiras a chicotear em derrapagem. Os braços são severamente castigados e as pastilhas de travão também. Aqui e ali uma pedra mais expedita atinge o quadro com grande estrondo…

A subida faz parte do passado e a descida faz jus ao nome de “infinita”. Paramos num patamar a apreciar a vista, depois de muita adrenalina já libertada, e ainda só estávamos a meio da diversão.

Como disse acima, o Nuno teve a sua vingança. Munido de 10.6Kg de Focus, uma manitou de 80mm à frente e uma boa dose de loucura, lançou-se vorazmente à descida. Em tom jocoso comenta, no final, que eu, com os meus 120mm è frente e 115mm atrás, com uns pneus devoradores de chão, desço, basicamente, “a medo”.

É verdade, confesso. Do alto do quadro XL, do metro e noventa e dos meus 90 quilos, o mundo parece um lugar bem mais perigoso…

E de repente, tudo acaba e regressa a enganadora tranquilidade: A volta das Mesas, e todas as que acabam em Santa Comba, partilham de uma falsa sensação de reconforto assim que se pisa o alcatrão. “A volta está feita” diz o nosso lado mais desatento. Na verdade a súbita ausência de “mato” parece ser uma premonição de que a chegada a casa está perto.

Nada mais errado e os quilómetros de alcatrão e pouca terra que se seguem, são disso prova cabal. São estes poucos quilómetros que destroem o incauto ciclista.

No final, chegaram todos à estação em grupo. Uns mais queixosos que outros, outros mais doridos que uns. Os quilómetros finais até casa foram feitos em ritmo (muito) lento, já que o senhor que não desce como eu, “a medo”, estava completamente de rastos. Solidário como sou, tentei não gozar muito… afinal todos temos os nossos dias maus!

Venha por isso a próxima volta, só para castigar os excessos de ano novo!



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