domingo, 18 de janeiro de 2009

Ode à lama!

Ora vamos lá então ao rescaldo do raid...

Como o raid começa antes do dia marcado, nota desde já negativa para as inscrições. Eu sei que é muito engraçado ter uma tenda com tupperwares cheios com mais de 4000 euros em dinheiro vivo, mas nos dias que correm, não se justifica não usar a transferência bancária para aceitar o pagamento das inscrições e a fila que se formou para levantar os dorsais é disso prova. Se houve pessoal que como eu levou o dinheiro certo e o processo até não demorou muito, outras situações houve em que entre trocos, trocas de nomes e confusões diversas, a fila lá se foi arrastando, à chuva e ao frio, num processo lento e desnecessário. Os brindes eram... brindes. Nota positiva para as meias que até deram jeito. Já a carteira amarela e a fita da maternidade eram...

Nota igualmente negativa para o sistema de som mal dimensionado que, apesar da curta distância que o separava da meta não permitia que quem estivesse perto do arco de partida, percebesse patavina do que foi dito. Lá no meio deu para apanhar "qq coisa... mais qq coisa, 10 minutos, qq coisa".

A partida foi feita com o atraso da praxe e o percurso começou com uma voltinha nas redondezas para aquecer. Pois nem por ter sido dito vezes sem conta, repetido, avisado, sublinhado, as organizações continuam a fazer as coisas de forma absurda! Para não variar, aos 800 metros de raid já tínhamos um funil que obrigou a desmontar, atrasou e gerou logo ali uma confusão desnecessária.

Aos 1500 metros a primeira descida bastante perigosa, logo para por de aviso o pessoal, e especialmente pensada para quem se inscreveu nos 25km, a contar com "belos trilhos sem grandes picadas".

Percurso normal até mais uma "aberração". Por alma não sei de quem (seria para o show off?) a organização decide mandar o pessoal até à primeira travessia do rio, por um single curto mas especialmente perigoso, com um barrote de uma ramada a ocupar, ao nível dos olhos, metade do trilho, numa zona em que existia um degrau. Conclusão: além do efeito funil, toda a gente desceu com a bicicleta à mão, quando havia um caminho 200 metros acima que vinha dar ao rio sem acrescentar risco desnecessário.

No entanto nem tudo estava perdido. Os caminhos eram interessantes e salvo raras exepções, estavam bem marcados. Nota negativa no entanto para o track GPS que em algumas zonas não correspondia minimamente ao percurso assinalado!

O percurso estava muito interessante na zona das mesas, mas em santa comba assisti a duas situações menos conseguidas. Quem fez as placas de separação dos percursos não contava que o assistente ao raid estivesse na conversa em vez de estar a prestar atenção ao que estava a fazer, portanto, só quando parei junto das placas para tentar decifrar as minúsculas letras que indicavam cada uma das opções é que o rapaz me disse, "35 é para baixo!". Obrigado, entretanto já tinha conseguido ler!

200 metros depois parei junto do fontanário para resolver um problema com as mudanças, cortesia da imensa lama que povoava o percurso, quando ouço uma verdadeira pérola. Quando questionado por um dos participantes quando seria o próximo abastecimento, o colaborador do raid apenas disse: "Prai daqui a 15km!". Ora, seria pedir demais que cada pessoa, que já sabe onde vai ser colocada, conheça minimamente o percurso e saiba onde fica, relativamente a si, uma localização tão importante como o abastecimento?

E por falar em abastecimento, nota extremamente negativa nesse campo. Um abastecimento parece-me pouco numa prova com a dureza desta, especialmente se fica situado num alto, rodeado de nevoeiro e com um vento gelado que não convidava ninguém a ficar muito tempo. Eu sei que o tempo é imprevisível, mas homem prevenido vale por dois e havia arvoredos resguardados mais à frente onde se podia instalar o comes, agora que não havia vista para apreciar naquele sítio. Dado ainda o facto de ser um abastecimento único, fiquei algo desiludido com a oferta. Se era único, podia ter havido uma surpresa para o pessoal, melhor do que bolos, água e laranjas.

Mais um pouco de subida e a descida, onde havia uma das tais poucas zonas com sinalização precária. No entanto como o track GPS aqui batia certo, lá segui pelo caminho correcto. Uma boa recompensa depois da árdua subida para o mequinho.

Os últimos 10 quilómetros foram um misto de interesse e aborrecimento. Sendo que a zona das pontes foi uma agradável surpresa e que mostra que a organização se quiser consegue fazer as coisas bem feitas. As passagens pelo meio dos vilarejos já são menos interessantes, mas depois a zona técnica de pedra e lama que se seguiu faz esquecer um pouco. Escusados seriam também os últimos 500 metros de "monte" que na verdade eram a berma de um campo de cultivo, muito pouco ciclável.

A lavagem das bicicletas atrasou um pouco, e entretanto mais um morador disponibilizou uma mangueira para ajudar ao processo. Os homens das bicicletas também já deviam saber que as máquinas de pressão não são amigas dos cubos e rolamentos, por isso seriam de evitar.

Quem não foi ao rio tomar banho, como eu, arrependeu-se seriamente! A água dos balneários não estava fria, estava verdadeiramente gelada! Muito porreiro se estivéssemos no pico do verão mas algo perigoso quando se se passou as últimas horas à chuva e se está completamente gelado e encharcado. No entanto ia jurar que do balneário 1 e 2 (só podíamos usar o 3 e 4) saía um bafo quente.

No departamente do comes, nada de entusiasmante a não ser o porco e as costelinhas que já tinham acabado. Restavam as fêveras que lá iam saindo a conta gotas, o caldo verde e as papas de sarrabulho.

EM SUMA
O raid foi extremamente duro, a lama complicou (e disso a organização não tem culpa) o que por si constituiu um desafio extra. Gostei e aparte das zonas para "encher" o raid tem trilhos muito muito bons. E apesar dos trilhos fazerem esquecer o que de mal se foi passando, não se pode confiar que sempre assim será.

Há algumas falhas quem já não podem ser desculpadas com o "amadorismo", "fazemos por gosto", "não se pode agradar a todos", "não contávamos com a chuva", "não contávamos com tanta gente" e outras desculpas. Isto porque já que são situações milhares de vezes comentadas, quem aqui quer em conversa entre as gentes do BTT, e muitas vezes pelos próprios organizadores de eventos que já participaram em eventos da "concorrência" se queixam de situações que depois acabam por repetir.


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Entretanto hão de surgir (poucas) fotos, videos e o track GPS...

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